12.11.08

O que fazem os nossos sindicatos por nós?

Os Sindicatos sempre souberam que a manifestação convocada pela Plataforma não arrecadaria quaisquer dividendos para os Professores!
Por isso, estavam sossegados no seu canto, não tendo previsto fazer a manifestação do dia 8 de Novembro, não fosse a surpresa causada pela força dos professores que apelaram aos Movimentos para que organizassem uma manifestação que lhes desse a possibilidade de se manifestarem! Já tinham convocado uma em Março e isso acarreta gastos significativos que não podem ser desperdiçados quando interessa aos professores, mas sim quando interessa aos sindicatos e respectivos partidos políticos! Mas, perante a urgência que os professores sentiram em se manifestar e o perigo de se verem ultrapassados pelos novos Movimentos Cívicos de professores, não quiseram correr o risco e acenaram com o transporte grátis até à capital! Ida e volta de graça e a possibilidade dada a todos de extravasarem a sua imensa revolta contra a política educativa de MLR. Os professores foram!Mesmo os que reconhecem que parte da responsabilidade pelo caos instalado nas escolas se deve, precisamente, aos sindicatos de professores que muito mal os têm representado, a julgar pelo Memorando assinado. 120 mil nas ruas de Lisboa, sem a possibilidade de confirmação por parte da PSP. Plataforma Sindical espera, agora, que os professores se acalmem e que tenham gasto ontem, dia 8 de Novembro, as energias que prometiam mostrar no dia 15 de Novembro! Anunciaram até, para entreter, acções de protesto para a última semana de Novembro e uma greve lá para Janeiro! Tudo segundo a avaliação que forem fazendo ao longo do tempo! Promessas de acções que, julgam, devem deixar os professores mais tranquilos, esquecendo, no entanto, que ao longo desta semana muitos já têm que entregar os Objectivos Individuais e que muitos outros iniciam o calendário das aulas assistidas sabe-se lá por quem e com que intenções! Esquecendo que os professores estão "feitos num oito", MN, no seu discurso de oito de Novembro, insiste na vitória oito meses depois do oito de Março. Maria de Lurdes Rodrigues, tranquilamente, anuncia ao País que não mudará, até Julho de 2009, uma vírgula ao polémico decreto e que a avaliação decorrerá normalmente, de acordo com o compromisso assumido entre os sindicatos e ela própria. 120 mil professores deixam, num sábado, as suas famílias para trás e deslocam-se a Lisboa, depois de mais uma semana de trabalho intenso, em busca da solução para o inferno que, diariamente, são obrigados a viver nas escolas de todo o País! O que trouxeram de volta? O conhecimento de que a « ( …) Educação está em pé de guerra…e que o país não pode continuar a ignorar o que está a acontecer na Educação (…)» . Ficaram, também, a saber que, segundo MN, « ( …) São muitas as razões que nos trazem, de novo, para a rua, mas todas jorram de uma só fonte: a política educativa que o Governo de Sócrates está a desenvolver e as suas nefastas consequências para a Educação. (…) ». As outras razões que motivaram o protesto dos professores foram, segundo o próprio MN, «( …) os direitos sindicais que o governo pretende apagar por decisão política, mas que, apesar de todos os esforços que tem desenvolvido, e creiam que têm sido grandes, não obteve sucesso, como prova, mais uma vez, esta tremenda e arrepiante onda de protesto, com os professores a reafirmarem que só organizadamente e com os seus Sindicatos, poderão cerrar fileiras e opor-se com eficácia à brutal ofensiva que continua a ser desferida contra os seus direitos e contra os interesses de um país que merece uma educação e um ensino de qualidade. (…)». Só a seguir aos direitos sindicais é que surge um outro problema: o novo diploma dos Concursos. Para compensar a ordem, certamente questionável, dos factores, 120 mil professores puderam ouvir MN «( …) Em nome da Plataforma Sindical dos Professores … felicitar, todas as escolas e todos os professores que já suspenderam, de facto, a avaliação. Aos Professores, a todos os Professores das escolas que ainda não suspenderam, apelou, também em nome da Plataforma: vamos parar a avaliação nas escolas! Não tenham medo, Colegas, e suspendam esta avaliação de desempenho ou será ela a suspender-nos a todos nós. E de uma coisa poderão os professores e as escolas estar certos: neste processo de suspensão contarão sempre, e tendo o infinito como horizonte, com o apoio inequívoco dos Sindicatos de Professores! Sejamos coerentes e corajosos: paremos este autêntico disparate. Se os professores o fizerem, o Governo não terá alternativa à suspensão! (…)» Concluíram, portanto, os professores, que tudo está nas suas próprias mãos e não nas mãos dos sindicatos! Cabe aos professores suspender, não ter medo, não fazer, não cumprir, parar a avaliação. Depois, se alguém, eventualmente, precisar de apoio…já sabem que os sindicatos lá estarão para isso mesmo. Já toda a gente o sabia! O que não sabiam, julgo, é que, afinal, é mentira que exista «(…) qualquer acordo com o ME sobre avaliação de desempenho(…) o que houve, no mês de Abril, foi um entendimento (…)». Um Entendimento de tal maneira forte que é ele que agora obriga ao cumprimento do Decreto-Regulamentar em causa! Entendimento de tal maneira forte que a Plataforma não se atreve a denunciá-lo e prefere APELAR aos professores para que sejam eles, nas suas escolas, a suspendê-lo, contando, para isso, com o inequívoco apoio sindical! Mas o problema maior é que, de facto, «(…)Ainda a procissão vai no adro...» e muitos ainda não se aperceberam bem disso! MN continuou o seu discurso com um raciocínio curioso, se não, vejamos! Diz ele que « (…) falta quase tudo: as observações, as entrevistas, os portefólios, as fichas, as grelhas, as classificações, as reuniões dos avaliadores e da comissão de avaliação, a aplicação das quotas...Imaginemos, agora, colegas, que o ME impunha que afinal isto já não era para se aplicar em um ano, mas apenas em três meses; que até final do primeiro período teria de estar tudo resolvido...… que esses três meses tinham sido os últimos do anterior ano lectivo: Abril, Maio e Junho? Era isso que o ME pretendia que tivesse acontecido e teria sido, realmente, o caos… seria a queda no charco… seria o colapso das escolas públicas, das escolas em que a esmagadora maioria dos professores exerce a sua actividade profissional, das escolas que são frequentadas pelos que não podem ou não querem inscrever os seus filhos em colégios privados de fino recorte e elevada mensalidade(…)» Realmente, fazer tudo isto em três meses é atirar as escolas no abismo. E se, pergunto eu, os professores andarem entretidos com as acções de protesto convocadas pela Plataforma Sindical, esperançados de que a suspensão chega no dia seguinte, e forem adiando o processo e tiverem depois que fazer tudo, realmente, nos próximos meses de Abril, Maio e Junho? Seria essa queda no charco que faria os sindicatos denunciar o Entendimento? Será essa altura a conveniente para o calendário eleitoral? Dúvidas minhas! Certamente que a Plataforma de Sindicatos saberá bem o que está a fazer, já que MN chega mesmo a afirmar que «(…) não alterámos o objectivo estratégico que é a derrota desta avaliação; o que criámos foram condições mais favoráveis para que prosseguisse ainda mais forte. Podemos, hoje, confirmar que ganhámos no plano táctico.(…)». Face às dificuldades surgidas nas escolas, os sindicatos mostram-se disponíveis para antecipar as negociações previstas para Julho de 2009, relativamente à Avaliação de Desempenho. Claro que essa simpática disponibilidade que todos os professores agradecem está, obviamente, dependente da vontade de MLR para alterar o seu compromisso de a levar até ao fim. Podem, portanto, os professores estar descansados… Se o protesto de ontem, dia 8, fez algum sentido, a próxima manifestação, já no próximo Sábado, dia 15 de Novembro, fará ainda mais pelos sentidos políticos e sindicais que NÃO lhe poderão ser atribuídos. É verdade que, tal como diz MN, os professores mostram um «(…) profundo desacordo … em relação às políticas educativas do governo, que criaram, na classe docente, um enorme descontentamento, uma profunda insatisfação, uma necessidade absoluta de dar visibilidade ao protesto, este imperativo de lutar até que o governo pare o seu louco e disparatado ataque aos Professores Portugueses e às Escolas Públicas. (…)» E é, por isso mesmo, que os professores voltarão a marchar sobre Lisboa já no próximo dia 15 de Novembro! Como MN referiu está tudo nas nossas mãos! Temos de ser nós a parar o processo! Então, vamos à luta!
Eles, está visto, apoiam!

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